O PROAMA



Visando integrar as várias entidades, profissionais e pessoas da comunidade interessados na defesa e incentivo ao aleitamento materno, foi formado o PROAMA - Projeto Amamentar. O projeto tem como sede a Unesp de Rio Claro, no Departamento de Educação, tendo além do interesse acadêmico da pesquisa e extensão à comunidade, o caráter de aglutinar forças para a defesa do aleitamento, de forma a garantir que todos os setores envolvidos com a questão da família do nosso município possam falar uma mesma linguagem e lutar pelo mesmo ideal. Tentar unir estes setores chaves, tem sido o nosso maior desafio. Além disso, acima de tudo, somos um grupo que representa os anseios da sociedade no que diz respeito às nossas necessidades de cidadãos. O PROAMA tem elementos de vários setores da sociedade e de diversas áreas, já que o aleitamento materno é uma área interdisciplinar, que envolve a medicina, a nutrição, a odontologia, a fonoaudiologia, a psicologia, a educação, a política, a economia, o direito, dentre outros.


Silvia Marina Anaruma - Depto de Educação-IB, Unesp Campus de Rio Claro Coordenadora do PROAMA

terça-feira, 20 de maio de 2014

O terror da chupeta… e uma saída feliz!

 


"Hoje venho fazer com vocês aqui, uma mea culpa…
Analu minha filhota, chupou chupeta. Sim, péssimo… não, não é tudo bem porque ela permaneceu com a chupeta até… ontem. (para meu desespero) Mas vou contar a história do começo e usar este post para refletir um pouco mais de como sentimos nossos filhos e como podemos, com atenção e paciência, perceber e respeitar as necessidades deles.
Analu nasceu de parto natural e mamou até um ano e pouco. Antes dos 10 meses, não sabia o que era chupeta. Eu não dava e, se alguém tentasse por uma na boca dela, ela cuspia. Gostava mesmo era do meu peito. Na fase da amamentação não tivemos chupeta para atrapalhar. Mantive o aleitamento materno exclusivo até 6 meses, mesmo já tendo voltado a trabalhar e a dar plantões. O trabalho não interferiu diretamente na amamentação exclusiva: eu levava a bombinha tira-leite ao plantão, ordenhava, carregava o leite de volta para casa, fazia um estoque…
O que mais me atrapalhou foi o cansaço mesmo. Quando Analu passou a comer duas papas por dia, frutas e água, mantive o peito por aproximadamente 3 vezes ao dia. Ela sempre mamava para dormir. Dormia mamando. Com o meu cansaço, acabei me rendendo à chupeta para satisfazer a necessidade dela sugar para dormir. Erro? Não sei. Enquanto pude, enquanto meu cansaço permitiu, ela só conhecia meu peito. Mas no final, já com uns 10 meses, dei a chupeta numa dessas noites exaustivas… e ela pegou. E dormiu. E eu dormi também…
No fundo me senti “menas mãe” por isso. Ao mesmo tempo, apesar de ainda amamentar, consegui dividir essa questão de sugar para dormir com a chupeta e com o pai dela. Conformei-me em achar que era melhor chupar chupeta do que me irritar com o choro dela, largar chorando no berço, ou não dormir bem, tendo que amamentar uma noite inteira… sim, percebi um limite meu também. Meu lado “menas”: devido ao trabalho e aos plantões, simplesmente eu não conseguia. Precisava de sono profundo por umas 4 a 5 horas seguidas, para aguentar o tranco do dia seguinte…
E assim foi, Analu e sua chupeta. Eu e o meu sentimento dúbio de estar aliviada, mas ao mesmo tempo me sentindo “menas mãe”!
E o tempo foi passando. E o raio da chupeta virou a muleta da Analu. Se acontecesse algo que a realmente chateava, ou assustava, ela perdia o controle se não tivesse a chupeta à mão. Mesmo se eu a abraçasse, nada a acalmava apenas a chupeta.
Tentei negociar com um presente. Vamos dar a chupeta para a fadinha, que ela te traz uma bonecona!!! Ela chorava: não quero bonecaaa!!! Não deixa ela vir não!….
Aí comecei a me preocupar com a minha menas-mãezisse… todo mundo me pressionando: toma coragem, tira a chupeta dela de uma vez, aguenta o choro por um tempo que passa, essa chupeta está entortando a boca dela (fato!) Mas meu coração não estava tranquilo em fazer isso – tirar de sopetão assim, tchum! Era como se algo me dissesse: calma, vamos por partes e repeitando o tempo dela – porque não?
Mas eu precisa de apoio para esta decisão. Fui então a um pediatra estudioso da psicanálise – apenas para discutir a questão da chupeta. Não preciso dizer que foi a MELHOR coisa que fiz! Ele me acalmou e me orientou: sim, a minha sensação estava correta. A chupeta era sim, uma muleta. Então, calma, vamos esperar que ela se resolva. A fase oral (segundo os preceitos da psicanálise de Freud) tem que ser bem resolvida. Pois arranca-se a chupeta agora e no futuro ganha-se um adulto fixado na sua fase oral: comedor compulsivo, fumante e daí para pior. Ele disse: tenha calma, comece a dar um super reforço positivo em tudo de “mocinha” que ela fizer e demonstrar. Mostre que ela não precisa se comportar como bebê (na leitura da nossa família: se comportar como o irmão mais novo, um bebê gordo e loiro que chegou para lhe tirar a exclusividade) para ser amada. Com o tempo ela mesmo resolverá a questão da chupeta.
Nossa, ele me tirou um peso das costas. Acatei tudo o que disse. Adorei e me identifiquei. Quis estudar psicanálise! Ler Winicott.
E minha princesa seguiu crescendo.
Neste último domingo, com 3 anos e 6 meses ela vem me acordar: “mamãe, minha chupeta caiu na privada de xixi!”. Sem chorar, com um sorrisinho maroto, um brilho no olhar, de quem conseguiu tirar o pijama, subir no vaso, fazer xixi e se secar, tudo sozinha!
E eu, rindo: ih Analu, essa chupeta está contaminada, vamos jogar fora. Jogamos.
Segunda-feira de manhã, para o pai, ela diz:  ” Papai, minha chupeta caiu na privada de novo!”. A última de derradeira chupeta, toda rasgada e encardida.
Na segunda à tarde, deixei uma boneca com a cartinha da fadinha em cima da sua cama. Quando ela achou, veio correndo me contar, com brilho no olhar, com a carinha mais feliz do mundo: “mamãe!! sabe, minha chupeta caiu na privada!” eu disse, sei filha… e “então, a fadinha v-e-i-o!!!! E me deixou um presente!”
E muito, muito felizes, lemos juntas a cartinha, ela curtiu e dormiu com a boneca… sem chupeta, sem chorar, sem nem perguntar por pela bendita!
E eu, apesar do antecedente menos-mãe, fiquei feliz  com a saída, com o desfecho. Sem crise, sem choro em demasia, sem aperto no coração!
Chupeta definitivamente não é legal. Atrapalha um monte de coisas. Analu vai precisar de um aparelho ortodôntico, certeza. Se eu tivesse aguentado, mais um pouco… se não estivesse trabalhando tanto, tão cansada…
Mas não, todas nós temos que lidar com o nosso lado menas-mãe também. Esse foi o meu. Ninguém é mãe- perfeita, ninguém aguenta tudo…
O que me confortou  foi o desfecho, enfim… podia ter sido pior, se eu não tivesse ouvido meu coração e se não tivesse buscado ajuda… Meno-male!"



Depoimento retirado do site: Pediatria Integral

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