O PROAMA



Visando integrar as várias entidades, profissionais e pessoas da comunidade interessados na defesa e incentivo ao aleitamento materno, foi formado o PROAMA - Projeto Amamentar. O projeto tem como sede a Unesp de Rio Claro, no Departamento de Educação, tendo além do interesse acadêmico da pesquisa e extensão à comunidade, o caráter de aglutinar forças para a defesa do aleitamento, de forma a garantir que todos os setores envolvidos com a questão da família do nosso município possam falar uma mesma linguagem e lutar pelo mesmo ideal. Tentar unir estes setores chaves, tem sido o nosso maior desafio. Além disso, acima de tudo, somos um grupo que representa os anseios da sociedade no que diz respeito às nossas necessidades de cidadãos. O PROAMA tem elementos de vários setores da sociedade e de diversas áreas, já que o aleitamento materno é uma área interdisciplinar, que envolve a medicina, a nutrição, a odontologia, a fonoaudiologia, a psicologia, a educação, a política, a economia, o direito, dentre outros.


Silvia Marina Anaruma - Depto de Educação-IB, Unesp Campus de Rio Claro Coordenadora do PROAMA

terça-feira, 15 de abril de 2014

O Bebê e o refluxo

refluxo

O refluxo é NORMAL em bebês até 3 meses e não precisa ser tratado com remédios ou exames invasivos, a não ser que o bebê não esteja ganhando peso adequadamente, ou esteja muito incomodado pelo refluxo e mesmo assim, somente após excluir outras causas e tentar medidas alternativas como mudanças posturais e mudanças na dieta da mãe, por exemplo.

A regurgitação tem um “pico” aos quatro meses de idade e a maioria dos bebês deixa de regurgitar perto de um ano de idade.

Para saber se o seu bebê está particularmente incomodado e se esse incômodo é causado pelo refluxo, é útil manter um diário (só por alguns dias) anotando as vezes em que o bebê chora, quanto tempo dura o choro, quais os horários dos choros e das mamadas.

É normal um bebê chorar, em média e de forma intermitente, duas horas por dia. Se o bebê ganha peso bem, não está incomodado, apenas vomita, ele é chamado um “golfador feliz”, caso em que não são recomendados exames nem remédios.

Apenas medidas posturais e mudança na forma de alimentar.

Sintomas de refluxo:

- Vômitos (esse é o principal, mas não o único);

- O bebê se arqueia para trás depois de mamar;

- Mama apenas poucos minutos e começa a chorar;

- Quer mamar no peito o tempo todo porque o LM alivia a azia causada pelo refluxo;

- Se recusa a comer ou come pouco

- Soluços

- Briga com o peito, parece ter dificuldades para sugar;

- Tosse persistente, problemas respiratórios persistentes;

O refluxo pode ser oculto, ou seja, a criança não vomita, mas o alimento volta até parte do esôfago, causando azia, dores, falta de apetite. Pode acontecer de parte do líquido ser aspirada, o que causa pneumonias, otites, problemas respiratórios recorrentes.

Sono perturbado, com engasgos e a criança se contorcendo, é um traço comum a muitas crianças com refluxo. Esses sintomas podem aparecer em conjunto ou isoladamente. Apenas o sono ruim, por exemplo, já pode ser um indício de que o refluxo (já diagnosticado) está voltando.

Mudanças de hábito recomendadas

- Mudanças na posição da mamada

- Colocar o bebê para arrotar várias vezes durante a mamada, mantê-lo na posição vertical 30 minutos após a mamada, evitar o uso do bebê conforto em casa, evitar usar fraldas apertadas e elásticos que pressionem o estômago, evitar fumaça de cigarro (qualquer fumaça!);

- Evite também “superalimentar” a criança, não amamente logo depois dela vomitar, espere o horário aproximado da próxima mamada. Mas não recuse amamentar se ele pedir.

- A livre demanda é recomendada, de maneira geral, e é essencial nos primeiros meses de vida para a mãe estabelecer a produção de leite. A amamentação é extremamente benéfica para o bebê com refluxo, porque o leite materno é digerido mais facilmente, portanto não se recomenda leite artificial com engrossantes e farinhas. Há evidências de que bebês amamentados têm menos episódios de refluxo durante o sono noturno.

- Mesmo após os 6 meses, a maioria dos bebês, mesmo com refluxo, se beneficiam com a livre demanda.

- Não há nenhum estudo que contra-indique a livre-demanda ou indicando horários rígidos como forma de terapia. Na verdade, é um erro acreditar que a livre demanda atrapalha o refluxo, pois o leite materno é de fácil digestão e portanto de rápido esvaziamento gástrico.

- Muitos gastropediatras recomendam a livre demanda para o tratamento do refluxo.

Na hora de dormir;

- Evite alimentar o bebê duas horas antes da hora de dormir, principalmente com líquidos. Portanto, a mamadeira noturna é péssima para bebês com refluxo. Inclinar o berço (30 graus) também pode ajudar o bebê a dormir melhor;

- Em caso de alimentação natural ao seio continue amamentando normalmente, mesmo a noite.

- Não há ainda impedimento de se amamentar deitada, desde de que o bebê fique em posição reclinada enquanto é amamentado, e não na horizontal.

- A cama compartilhada é bastante salutar, pois dormindo junto ao bebê fica mais fácil observar qualquer sintoma. Mantenha a posição inclinada mesmo nessa situação!

- Não adotar a posição de bruços para dormir.

Refluxo x hiperlactação

Muitas vezes mulheres que amamentam podem apresentar hiperlactação. Isso, a princípio pode não ser um problema. No entanto, o bebê pode ficar incomodado com a abundância de leite e o reflexo de ejeção forte e ter seus sintomas confundidos com refluxo. Por isso, antes de achar que o bebê tem refluxo e medicar, verifique se seu caso não é de hiperlactação.

Geralmente, a produção de leite de mães com hiperlactação tende a se normalizar por volta dos 3 meses.

Como identificar a hiper lactação:

· Bebê chora muito e geralmente é irritadiço ou inquieto
· As vezes o bebê pode sufocar, cuspir ou tossir durante a mamada
· O bebê pode parecer querer morder ou pendurar no bico do peito durante a mamada
· O leite jorra quando o bebê larga o peito, especialmente no começo da mamada
· A mãe pode ter bico do peito dolorido
· O bebê pode se contorcer e as vezes gritar
· A mamada parece uma batalha, o bebê que pega e larga o peito o tempo todo
· As mamadas podem ter uma duração curta as vezes de 5 ou 10 minutos no total
· O bebê pode arrotar ou ter gases com frequencia entre as mamadas com tendência a regurgitar
· O bebê pode ter as fezes verdes, moles ou espumosas
· O peito da mãe esta cheio a maior parte do tempo
· A mãe pode ter frequentemente os canais obstruídos, que pode se transformar em mastite

Como melhorar o problema:

- Alimentar o bebê em um peito só até esvaziar, sem trocar por duas horas.

- Se o outro peito ficar cheio massagear e ordenhar manualmente

Se esta dica funcionar o bebê deverá estar mais calmo com o passar dos dias, além de satisfeito entre as mamadas, engasgando menos, com fezes menos aguadas e mais amarelas.

- Amamentar na posição de cavaleiro com a cabecinha do neném mais alta que o peito, isto o permitirá que o neném controle melhor o fluxo de leite
- Se posicione de maneira mais recostada com o bebê por cima, assim o leite tem que subir para sair reduzindo o seu fluxo

- Segurar a aréola em cima e embaixo

- Amamentar o bebê quando ele estiver acordando, assim ele vai sugar mais devagar por estar sonolento
- Quando o bebê engasgar retire-o do peito e deixe o excesso de leite cair em uma toalhinha. Espere o reflexo de ejeção reduzir antes de voltá-lo para o seio.

- Experimente a posição de amamentar deitada de lado com o peito que amamenta apoiado no colchão, não para baixo

- Para que o bebê mame o leite posterior permita a livre demanda

- Amamente antes que o bebê esteja com muita fome para evitar que ele sugue de maneira muito agressiva

- Arrotar frequentemente pode minimizar os problemas causados por engolir ar. Lembre-se de voltar com o bebê ao primeiro peito ao invés de trocá-lo de peito apos este arroto.

- Em caso de mamas muito cheias e quentes usar folhas de repolho geladas pode reduzir este desconforto.

Refluxo e leite de vaca:

Uma parte significativa dos casos de refluxo em bebês tem como causa a alergia à proteína do leite de vaca. Se o caso for de alergia, o tratamento padrão para refluxo não funciona.

Por isso, a Sociedade Americana de Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição (NASPGHAN) recomenda que nos casos de refluxo se faça um teste, por duas semanas, de retirada da proteína do leite da dieta.

Se o bebê melhorar do refluxo nesse período, possivelmente o refluxo é causado por sensibilidade ao leite de vaca. Reintroduza o leite em seguida, para verificar se realmente há uma relação entre o consumo de leite e o refluxo.

Se você observar que o refluxo é provocado ou piorado pelo consumo de leite de vaca, converse com o seu pediatra para avaliar o diagnóstico e o tratamento. O período total de desintoxicação do leite é de quatro a oito semanas.

Saiba que exames de alergia em bebês pequenos não são precisos. Além disso, existe um tipo de alergia em que os efeitos só são sentidos bem depois do consumo do alimento e que não é detectável por exames.

A forma mais confiável de se diagnosticar alergia/sensibilidade é a observação das reações da criança ao consumo do alimento.

Refluxo e leite de vaca II

Se você amamenta exclusivamente, observe se o bebê melhora com a restrição da proteína do leite da sua dieta. A proteína do leite de vaca passa para o leite materno. É preciso cortar leite e derivados da alimentação da mãe.

Crianças que não puderam ser amamentadas, devem usar fórmulas extensamente hidrolisadas e em casos mais graves, fórmulas de aminoácidos, porém são fórmulas caras e de difícil aceitação pelo bebê.

Fórmulas à base de soja só podem ser prescritas para pacientes sem sintomas gastrintestinais e com idade superior a seis meses.

Levar em consideração a possibilidade de relactação com sonda uma vez que o leite materno é o mais indicado.

Leite de cabra não é recomendado para este período de teste, porque ele é praticamente idêntico ao leite de vaca.

Se o seu bebê já come sólidos, é muito importante restringir completamente a ingestão de proteína do leite de vaca, o que inclui iogurtes, pão de queijo e qualquer coisa que contenha leite em pó, soro de leite ou caseína em sua composição. Evitar derivados e qualquer produto com derivados. Ler rótulos de tudo.

O teste de exclusão do leite não funciona sem a retirada total.

Sintomas adicionais (além do refluxo) de alergia a leite de vaca incluem: diarréia com ou sem sangue, prisão de ventre crônica, dermatite atópica, urticária e, mais raramente, bronquite e asma.

Pode-se estudar a possibilidade de alergia a outros alimentos.

A alergia a que nos referimos aqui é à proteína do leite, comum em bebês pequenos, que é completamente diferente da intolerância a lactose, que é raríssima em bebês menores de um ano.

Principais remédios

Normalmente, os médicos receitam um tratamento com um antiácido e um procinético, associados.

Os procinéticos são remédios que tem o objetivo de “segurar” o alimento no estômago. São os esvaziadores gástricos.

Embora esses remédios funcionem muito bem para alguns bebês, são comuns os casos de reações adversas como irritação, sono agitado e cólicas. É uma reação relativamente comum especialmente em bebês menores de 6 meses e amamentados. Se o seu bebê começou a dormir mal ou ter cólicas após o uso de medicamentos converse com o pediatra para discutir uma possível substituição.

A eficácia dos procinéticos para o tratamento do refluxo é um tema um pouco controverso e há quem defenda que eles são desnecessários, porque os efeitos mais dramáticos são sentidos mesmo com o uso de antiácidos.

Além disso, muitos gastropediatras desaconselham o uso de esvaziadores gástricos em bebês amamentados exclusivamente e em livre demanda, pois o leite materno é de fácil digestão e já tem a função de ser eliminado rapidamente do estômago.

Já os antiácidos só neutralizam ou reduzem a acidez do estômago, não são usados para tratamento do refluxo, então a longo prazo só atrapalham.

Esses remédios só fazem efeito depois de duas semanas de uso, não espere melhora imediata. Observe efeitos colaterais.

Recomendação final

Se o seu bebê não é um golfador feliz (ou seja ele não tem ganho peso bem e se incomoda com as golfadas e/ou vômitos), experimente primeiro observar se o seu caso não é de hiperlactação ou alergia ao leite de vaca.

Medidas simples de postura, de ajudar com a hiperlactação e uma dieta de teste para alergia podem ser muito úteis, além resolver o problema e evitar medicações e exames desnecessários.

Se o bebê não responder a nenhuma dessas medidas, continuar irritado, com ganho de peso insatisfatório, irritado, com dificuldades para mamar e dormir, é MUITO recomendável que o caso seja acompanhado por um bom gastropediatra, que é o profissional que tem mais condições de tratar o refluxo.

Adaptado de: Grupo Aleitamento Solidário (Facebook)

http://www.lalecheleague.org/faq/oversupply.html

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